A recordação de concertos dos Pixies e Cure levou-me um que vi dos James, há dois anos, por esta altura, no pavilhão multiusos de Guimarães, por ocasião do início das festas Nicolinas. Não era a primeira vez que os via, não achei que tivesse sido o melhor concerto da minha vida, embora o público tivesse enchido o recinto, mas teve a sua piada. Não tanto, provavelmente, como o outro que tinha havido na véspera, em que a banda inglesa, muito habituada a vir a Portugal (e que até tem elementos a viver cá na terra), tinha dado em pleno átrio da estação S. Bento
Os James, de Manchester, são uma banda com mais de trinta anos e com uma discografia de respeito. Nos seus primórdios, Morrissey disse serem o melhor grupo do Mundo, mas ficaram aquém do que valiam. Talvez por serem perseguidos por duas estranhas maldições: uma é a de que (defendiam eles) os títulos dos álbuns se reflectiam na vida da banda, pelo que decidiram fazer um chamado Millionaires (embora as vendas nem tivessem sido nada do outro mundo). A outra é a de que alguns grupos que fizeram as primeiras partes dos seus concertos acabariam por se tornar maiores do que os James. A lista é elucidativa: Nirvana, Radiohead, Coldplay, Stone Roses (aqui a "grandeza" de um grupo que só lançou dois álbuns é mais duvidosa)...Não sei se houve outros, mas os exemplos atrás mencionados parecem confirmá-lo. Assim, se algum grupo quiser alcançar a fama e a glória, é fazer as primeiras partes dos James, já que as probabilidades de êxito são grandes, mesmo nestes tempos de desmaterialização e "partilha" (o roubo) de música, em que já não se vendem milhões de CDs.
Em todo o caso, honra aos James, que continuam a lançar discos com regularidade, contra ventos e marés. Fiquem com um pequeno excerto do concerto que deram no átrio de S. Bento, entre azulejos que contam a história de Portugal e uma pequena multidão em delírio.
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