domingo, dezembro 04, 2016

O Bloco e a birrinha anti-monárquica


Aquela atitude imatura e parvinha dos tipos do BE não se levantarem com o Rei de Espanha presente no Parlamento (em contraste com os do PCP, que não aplaudiram mas se levantaram) recordou-me a homenagem feita às vítimas do regicídio, cem anos depois, a 1 de Fevereiro de 2008, no Terreiro do Paço. Estava presente uma multidão ainda numerosa, quando já para o fim surge, e pára a uma distância ainda "segura", uma trupe de mascarados com uma faixa que dizia em letras garrafais mais ou menos isto: "viva o Buiça, viva o Costa" (apelidos dos regicidas), enquanto iam gritando vivas aos mesmos. Ficaram ali uns minutos a guinchar, sempre de máscara, e quando sentiram demasiados olhares a virar-se para eles, bateram em retirada, espalhando panfletos com slogans anarquistas, ou coisa vagamente parecida. Mas na tal faixa grande que levavam à frente notavam-se ainda inscrições de uma qualquer campanha do Bloco, com símbolo e tudo. E certamente que o folclórico grupo de entusiastas dos regicidas não o encontrou no lixo. Aliás, entre os tipos que regularmente fazem uma romagem ao cemitério para homenagear os ditos assassinos, conta se o major Tomé, antigo líder da UDP e um dos fundadores do BE. Donde o antimonarquismo do Bloco, que incluiu louvores aos regicidas, já vem de longe, e portanto não será de ficar muito admirado com parvoíces no hemiciclo. Até porque, recordemos, há ali afinidades grandes com o Podemos, que não hesita em suspirar por esses "belos" tempos dos anos 30 e da efémera república espanhola, que tão bons resultados trouxe, e que o deputado Soeiro não deixou de relembrar.
 
No fundo, é uma velha tradição que o Bloco se esforça por proteger. O que não deixa de ser paradoxal, num movimento que se diz tão anti-tradicional.
 
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