Vilar de de Mouros, o mítico festival nas margens do Coura, está de volta, depois de alguns anos de interrupção. Um cartaz morno, com grupos por demais conhecidos e até repetentes (por exemplo, os Stranglers, que actuaram no auge da popularidade em 1982, ao lado dos U2, estão de regresso), mas é sempre bom ver regressar eventos míticos como este. Para quem não se lembrar, é o mais antigo festival do género em Portugal, nascido em 1972 como o "Woodstock português", com Elton John e a banda da GNR a tocar lado a lado. Actualmente o país regurgita festivais pop-rock, em todos os distritos e com todos os patrocínios (é a crise, dizem), mas no tempo de Marcelo Caetano era uma autêntica bomba que caía na aldeiazinha do Alto Minho, entre azenhas e campos de milho. Voltou em 1982 e em 1996, para se tornar anual, até definhar e parar há uns anos. Também por lá passei na edição de 1996, que encerrou com os Madredeus, e em 2004, ano em que um prodigioso cartaz trouxe ao Minho Bob Dylan, The Cure, Peter Gabriel e P.J. Harvey. Depois, Paredes de Coura ganhou a dianteira no campeonato de festivais de rock nas margens do rio Coura.
Mas há coisas que nunca acabam, felizmente, e Vilar de Mouros parece ser uma delas. Outra é o símbolo do festival, a famosa vaca malhada. Hoje descobri a razão: um casal da terra, já com certa idade, que há décadas leva as vacas a pastar todos os dias, com ou sem festival, e que para isso tem de atravessar a ponte românica sobre o Coura. A imagem dos ruminantes a cruzar a ponte atraiu a atenção de inúmeros fotógrafos, que desde 1996 fizeram delas o ex-líbris do evento (com anuência do casal, que ainda hoje na TV dizia sentir certo orgulho). Há inúmeras variações das vacas, de várias formas e feitios, e a sua evolução pode ser vista no After Eight, talvez o mais antigo (e seguramente o mais sossegado) bar da Rua Direita de Caminha, decorado com cartazes de todas as edições do festival sobre paredes brancas. Mas nenhum chegou à engraçadíssima rês deste ano: uma vaca rocker, com cabedal, piercings e tudo. Vilar de Mouros forever!
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