A verdade é que, descontando os artigos chauvinistas e ressabiados de alguns pasquins por essa Europa fora (particularmente no país anfitrião), Portugal teve os quartos de final menos meritórios de quantos passaram à fase seguinte. O nosso próximo adversário, Gales, ultrapassou a favorita Bélgica de forma magistral; a Alemanha expurgou a bête noire Itália, a quem nunca tinha ganho numa fase final, também depois de um 1-1 e de grandes penalidades (aliá pessimamente marcadas), mas a Itália é a Itália, superior a qualquer Polónia, por mais que esta tenha um Lewandowski melhor que todos os atacantes transalpinos da acutalidade juntos; e a França despachou a outsider Islândia com uma goleada descansada.
Mas ninguém se fie nas debilidades, até porque na quarta Ramsey estará fora, para alívio dos "famosos" e Raphael Guerreiro estará de volta. E se Portugal for à final, encontrará ou o colosso alemão, com quem nos últimos encontros não se saiu airosamente, e que motivará evidentes metáforas com a situação na UE, ou enfrentará a própria França, ali, no Stade de France. A selecção da casa, que nos momentos decisivos sempre nos venceu. Pode ser uma humilhação, uma derrota, uma secundarização melancólica, a desforra cruel de todos os que têm dito horrores desta turma de Fernando Santos, para tristeza ainda maior, na semana seguinte, de todos quantos trabalham em França. Ou uma vitória épica, mesmo que seja no fim de um prolongamento ou de novo nos penaltys, a redenção total de uma selecção, e porque não, de um país, ali, em frente à maior arena francesa, com Platini e Zidane a engolir em seco, o Arco de Triunfo a desbotar as falsas vitórias, os chauvinistas em urros e as gerações que ali chegaram desde os anos sessenta e comeram o pão que o diabo amassou, enfim redimidos com a sensação de triunfo e de orgulho na alma pelo país que nunca esqueceram.
Mas antes é preciso derrotar o País de Gales, Gareth Bale, o sentimento gaélico, e tudo o mais. Não vai ser nada simples. A confiança dos galeses está nos píncaros e tudo farão para levar o nome de Cymru a Saint Denis. Por isso, a missão da Selecção é por demais complicada. Têm de o conseguir. No pain, no gain.
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