sexta-feira, novembro 25, 2016

Ilustres visitas a Portugal em dias seguidos



Esta semana correu bem no que toca a concertos de pop-rock "independente": tivemos a visita, em dias seguidos, dos Pixies e dos The Cure. Os primeiros ao Coliseu do Porto, os segundos ao Pavilhão Atlântico (agora com outro nome qualquer) em Lisboa. um luxo que em tempos mais recuados daria origem a histerismos.

Como algumas reportagens dedicadas ao assunto salientaram, tanto uma como outra vivem mais do fulgor do passado do que de rasgos do presente. Mas além de serem lideradas por vocalistas carismáticos e bizarros, tiveram imensa influência nos anos 80 e 90. Os Cure do desgrenhado e maquilhado Roberto Smith, como guias do movimento gótico, embora menos soturnos do que a maioria e com capacidade para criar luminosas e magníficas músicas pop, autênticos e respeitosos dinossauros entre as bandas britânicas, dos que nunca interromperam a carreira para se voltarem a juntar anos mais tarde em tournées de "saudade". Os Pixies, é certo, fizeram-no, quando mais de dez anos de se terem separado se reuniram de novo, até hoje. O grupo de Boston, regido por Francl Black (ou Black Francis, apesar de se chamar Charles) produziram um rock poderoso e melódico ao mesmo tempo, que se não teve imediatos reflexos comerciais, ao menos influenciou outros grupos e movimentos. É espantoso pensar como os Nirvana quiseram fazer um disco que soasse à Pixies e criaram Nevermind, que vendeu muito mais do que a soma de todas as obras do grupo de Franck Black, seus inspiradores, e se tornou o ex-líbris do Grunge e Kurt Cobain em estrela rock, contra a sua vontade (sabemos no que deu). A verdade é que os nirvana já lá vão e os Pixies rodam por aí.

Estive tentado em ir ver os norte-americanos na não sei quantésima vez que vêm a Portugal em dez anos, mas uma pesada constipação dissuadiu-me. E os britânicos não mereceriam a viagem a Lisboa. Até porque felizmente já tive oportunidade de os ver, a uns e a outros, em anos seguidos e em terras do Alto Minho, em dois concertos memoráveis (se consultarem os arquivos encontrarão a descrição de cada um deles, incluindo a frustração de não ter visto a estreia dos Arcade Fire na noite dos Pixies - sim, já actuaram em Portugal NA mesma noite), com os Queens of the Stone Age pelo meio). Mas com a queda que têm por concertos e com o apreço pelo nosso país, é natural espero, que os volte a ver. Cá os espero, meus caros.

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