Com poucas horas de sono, mas bastantes certezas desde que a Pensilvânia alterou o sentido de voto, acho que já posso tirar algumas conclusões destas presidenciais americanas.
Os EUA elegeram como presidente um tipo que andou anos a tentar provar em vão que Obama não era um verdadeiro americano. Era improvável mas não impossível que ganhasse, tal como o Brexit. Definitivamente, e para quem tinha dúvidas, as sondagens perderam qualquer credibilidade, sobretudo quando há candidatos mais politicamente incorrectos que original o tal voto oculto.
Agora, com esta criatura na Casa Branca (escudado por uma maioria legislativa que mesmo que não concorde com ele ser-lhe-á, pela obrigação dos factos, fiel), a conviver - até ver - com Putin, com o Reino Unido em processo de saída da UE, com uma crise que tarda em acabar no Médio Oriente e outra congelada na Ucrânia, com a China a entrar em conflito com os vizinhos do Pacífico, isto promete aquecer. Esta é a época dos Trumps, Putins, Farages, LePens, Dutertes, Grillos e Iglésias, e só essa comboio de nomes inquietantes diz tudo. Parece que são todos "contra o sistema", seja lá isso o que for. Nos anos trinta também tínhamos dois tipos de bigode e "contra o sistema" à frente dos respectivos países, além de outros compagnons de route. Os resultados são conhecidos.
Sim, Trump não vai propriamente incendiar o Capitólio, mas com todos os ovos no mesmo cesto, os "checks and balances" que sustentam a democracia americana serão menos sólidos.
Quanto a Hillary Clinton, fica com o rótulo de uma das maiores perdedoras da história dos EUA, primeiro com Obama, nas primárias democratas, agora, incrivelmente, com Donald Trump. Clinton não é menos diabolizada que o vencedor destas eleições. Mesmo não inspirando confiança nem particular simpatia, não esqueço que os mandatos em que serviu como primeira-dama e inspiradora foram dos tempos mais seguros e optimistas que o Mundo já viveu.
A única certeza que há é que Obama vai deixar saudades.
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