segunda-feira, fevereiro 24, 2014

O que se segue na Ucrânia


Afinal a Ucrânia não entrou em guerra. O descontrolo da situação e a ameaça de mais violência levaram a que as forças de segurança parassem por ali. E com a ocupação do parlamento, Ianukovitch resolveu fugir enquanto era tempo. Depois, a libertação de Yulia Timoshenko, as comemorações de vitória na praça Maidan (a Tahrir dos ucranianos), as homenagens aos mortos e a declaração de exoneração do presidente pelo parlamento. Não é uma Bósnia, mas tal como já tinha dito, assemelhou-se bastante à Roménia em 1989, com protestos em massa, inúmeros mortos provocados por atiradores do regime, a fuga do presidente de helicóptero (o meio de transporte de ditadores/estadistas de saída) e a descoberta do luxo asiático em que vivia, com casas de campo monstruosas, torneiras em ouro, frotas de carros de alta cilindrada, provas irrefutáveis de nepotismo em favor dos filhos, etc. A única coisa que difere da revolução romena é que desta vez não houve aquela parte mais sangrenta dos fuzilamentos.

Mas embora estejam eleições gerais previstas para Maio, a situação está muito, muito longe do fim. Outras partes do país não estão muito pelos ajustes. Na Crimeia, outrora dos russos, têm-se multiplicado manifestações contra a nova situação e a favor do grande vizinho. E embora o boato de que a Rússia já teria enviado tropas especiais para aquela península do Mar Negro seja pouco crível, há que não esquecer que a sua frota tem a principal base em Sebastopol, concessionada pela Ucrânia por mais trinta anos, e que certamente não vai deixar que a situação fique assim. Aliás, as últimas informações dizem-nos que Ianukovitch, depois de tentar apanhar um avião em Donetsk, teria embarcado num navio (ou seu iate ou um navio russo, não se percebe bem) nesta cidade-base naval.


Como se vê, o futuro da Ucrânia, apertada num colete de forças geopolítico, é mais incerto do que nunca. a única coisa mais ou menos pacífico é que Ianukovitch, expulso pela população que entretanto descobriu a sua "caverna de Ali babá", desprezado pelo próprio partido pela sua deserção e criticado pelos russos pela sua incompetência, não voltará certamente à cadeira presidencial

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