Acabou a dúvida. Marcelo ganhou mesmo à primeira volta, como se calculava. Ainda havia a ligeira hipótese de segunda volta (que estou convencido que ganharia na mesma), mas fomos poupados a mais semanas de campanha a dois.
E já que era preciso escolher alguém, então que fosse Marcelo. Porque era apesar de tudo o melhor dos candidatos, porque é uma personalidade divertida e inteligente (com essa dupla personalidade professoral e pantomineira), que sem dúvida vai animar mais Belém do que o inquilino cessante, porque não tem casos obscuros de ilegalidades a manchar a sua carreira, porque suportou acusações patéticas de "amigo do grande capital", "conspirador", "fascista", e outras analfabetices jurássicas, e porque já merecia uma consagração política assim. O sonho de Marcelo de chegar à presidência já tinha uns anos e era um segredo de Polichinelo. A única dúvida seria se Guterres teria idêntico plano, o que há partida era duvidoso, mas afastada a interrogação, o professor de Direito pôde ir preparando serenamente a sua corrida de fundo triunfal. Conseguiu enfim aquilo que já lhe tinha escapado noutras ocasiões, com alguma pouca sorte à mistura nos timings: quando se candidatou à câmara de Lisboa, em 1989, pelo PSD e CDS, teve de enfrentar uma coligação inédita e quase imbatível entre PS e PCP presidida pelo então líder socialista, Jorge Sampaio; mais tarde enquanto líder do PSD precisamente na ressaca do cavaquismo e quando Guterres estava em estado de graça, ou seja, na pior altura, viu o seu efémero construção de uma nova AD estourar à conta dos casos e indiscrições de Paulo Portas. Falhados estes dois projectos, e visto então como mau estratega, acertou em pleno na sua aposta a Belém, vendo assim recompensada uma espera paciente e frutífera, ainda para mais com o nariz torcido dos líderes partidários da sua área política. Chegou a sua hora, e logo como chefe de estado.
Os outros ficam para amanhã. Tal como reservei um post só para Marcelo antes das eleições, faço o mesmo agora.
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