quarta-feira, janeiro 06, 2016

Presidenciais - Marcelo



Não tinha escrito uma linha ainda sobre o evento que está marcado para dia 24 de Janeiro. Como monárquico, a escolha do chefe de estado é-me apenas importante para designar quem representará ao mais lato nível a vida da nação, mas de facto será sempre a eleição de um chefe de facção nunca visto como independente ou como o "seu"presidente pelas outras partes. Nunca me abstive de votar, embora já o tenha feito com efeitos nulos, e voltarei às urnas.


Olhando o panorama, constato que esta eleição, ao contrário do que desejaria, está mais popular que nunca. Dez candidatos é um recorde assinalável. Nunca antes tanta gente tinha apresentado assinaturas suficientes e válidas para se apresentar a usufrutuário de Belém, o que me leva a crer que ou as presidenciais estão realmente muito populares, ou os candidatos sem suporte partidário têm uma máquina eleitoral maior do que aparentam. Pena é que mais uma vez Manuel João Vieira, o "candidato vieira", tenha ficado de fora, mas há sempre a hipótese de que nem sequer ter tentado reunir assinaturas.



À cabeça, Marcelo Rebelo de Sousa, claro está. Há anos que se suspeitava que a grande objectivo de Marcelo era Belém, depois de corridas falhadas como a câmara de Lisboa ou a liderança do PSD e da oposição cortada a meio. Disfarçou-o enquanto pôde, construindo uma imagem de tudólogo e pedagogo com empatia perante o público. O surgimento em pleno Congresso do PSD de 2014, onde não era muito benquisto pela direcção, para os aplausos, com o pretexto de que estava a vir do aeroporto quando resolveu ir ver o que se passava no evento, seria o primeiro sinal. O passeio à Festa do Avante em Setembro último, com a televisão atrás e militantes comunistas entusiasmados a pedir para tirarem uma fotografia com ele, desfaria qualquer dúvida. Ainda não tinha dado o anúncio oficial (em Celorico de Basto, evidentemente), mas só os mais distraídos é que duvidariam que Marcelo era candidato às presidenciais.


Apesar de todo o mediatismo, é um erro considerá-lo um mero comentador lançado à sorte pela força das câmaras. Marcelo tem experiência académica, jornalística e política (governativa e partidária) e é duvidosos que não tenha aprendido com erros antigos. Já anda na política nacional há quarenta anos, pelo que subestimá-lo é um gravíssimo murro na parede. E é exactamente isso que os adversários têm feito. quanto mais dedicam o seu tempo a atacar um único candidato, mais votos ele tenderá a ganhar, ou conservar.
Tenho para mim que Marcelo ganhará mesmo Belém, seja na primeira volta, seja na segunda, já que penetra facilmente no eleitorado de esquerda, demasiado fracturado, e mais ainda no de centro, que nos últimos tempos tem sido esquecido. Por isso mesmo, esta primeira crónica sobre a eleição para a presidência, escrita no Dia de Reis, é apenas sobre Rebelo de Sousa. Sobre os restantes, incluindo o possível principal adversário, Sampaio da Nóvoa, pronuncio-me mais tarde.


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