segunda-feira, maio 30, 2016

A rua é de amarelos, vermelhos e o que mais houver



Esta polémica toda sobre as escolas públicas vs privadas, os subsídios e os contratos já começa a chatear. Não tenho grande opinião sobre isto, mas em princípio defendo que o estado deve apenas financiar estabelecimentos privados em regime supletivo, quando não houve alternativas na escola pública.Ou seja, é uma matéria de tratamento casuístico.
 Mas agora pergunto: não foram os mesmos, com algumas excepções, que agoram acham que o estado não deve financiar quaisquer estabelecimentos privados, que defenderam o financiamento total dos abortos "porque sim"? Se os impostos não servem para colégios privados porque raio servirão para abortos quando não há aí qualquer caso de saúde? Não me digam que agora o aborto é não só permitido como obrigatório, tal como o ensino...

E apesar de saber que certamente nunca iria entrar na manifestação "amarela", espanto-me com a fúria e a reprovação que colheu. É sabido que "amarelos" são, para os sindicalistas e sobretudo para os grevistas, os fura-greves, os que vão trabalhar em dia de greve. Numa perspectiva politicamente "vermelha", um amarelo é pois um traidor. Julgo que é com esta atitude colectivista (e que denuncia um certo totalitarismo laboral) que muitos se atiram aos "amarelos". Aliás esta cor tem sido utilizada nos últimos tempos por vários movimentos que se opõem a outros que se revestem de vermelho - na Tailândia, há uns anos, e na Venezuela, por estes dias. Como se o direito à manifestação e à "rua" pertencesse apenas a alguns, que veriam com desagrado a "usurpação" por parte de outros do "seu" espaço.
A rua é de todos, por muito que custe a quem se julgue seu dono. Aos "amarelos", aos vermelhos que já convocaram manifestações em sentido contrário, e a quantas mais cores se lembrarem de criar para colorir as respectivas ideias. Porque para mitos, de  lado e de outro, isto é mais uma questão ideológica do que outra coisa qualquer.

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