sábado, maio 14, 2016

Outras ameaças que não o fascismo


Rui Tavares (com quem ainda há pouco falei durante breves momentos, não sobre o post que se segue, depois da conferência que moderou com Claudio Magris no âmbito do LeV - Literatura em Viagens), escreveu um interessante texto no Público desta semana intitulado Uma Europa contra o fascismo. Não tenho muito a objectar. Apenas que nem todos os nomes que refere se podem considerar "fascistas": Orbán, por exemplo, é acima de tudo um oportunista autoritário; Kaczinsky é um reacionário excitado, e Farage um eurocéptico convencido. Mesmo Putin e Erdogan não são exactamente aquilo que poderíamos considerar "fascismo", atendendo às circunstâncias especiais e à cultura dos seus países. E o brasileiro Eduardo Cunha é outro oportunista, com problemas com a justiça.
O que eu tenho mesmo de fazer é acrescentar coisas ao texto. Não é só a recordação fascista que ameaça a Europa: do outro lado do espectro temos outras tantas ameaças. Não esquecer que durante meio século tivemos uma Cortina de Ferro a dividir a Europa livre da controlada pela URSS e da sua ideologia opressora e burocrática. E que na Guerra de Espanha se opunham acima de tudo duas ideologias que resvalaram para o totalitarismo. Hoje em dia vemos o sr. Pablo Iglesias e o seu movimento, onde há gente que recentemente invadiu capelas em trajes menores com cartazes dizendo "Ardereis como em 1936" (recordando as igrejas incendiadas antes e durante a guerra), unindo-se com os restos de comunistas da IU e alguns independentistas radicais a querer o poder de qualquer forma, vemos as derivas de Jeremy Corbyn no Partido Trabalhista, o Linke da Alemanha que tem entre si elementos que fizeram parte da STASI, e mais uns quanto movimentos radicais à esquerda que querem acabar com a Europa e "derrubar o capitalismo", muitas vezes com saudosismos do Pacto de Varsóvia ou admirando o lunático sr. Maduro e o seu regime que está a destruir a Venezuela. Por isso, a crítica de Rui Tavares, não sendo destituída de verdade e senso, peca por defeito. As ameaças não vêm só de um lado, e não é por ser de esquerda que . E a experiência que teve com o BE e o modo como Louça o tratou deviam fazê-lo reflectir.

Nenhum comentário: