sexta-feira, outubro 18, 2013

A "reforma do Estado" é fechar o interior

 
 
Parece que está previsto o fecho de 11 das 14 repartições de finanças no distrito de Vila Real. Quem conhece, sabe que apesar das novas autoestradas, continua a ser complicado circular em certos locais e em certas alturas em Trás-os-Montes. Mais abaixo, no distrito da Guarda, querem fechar outras dez repartições de finanças, deixando abertas apenas quatro, todas implantadas no Sul do distrito, o que implica que quem viva no Norte do mesmo tenha de fazer dezenas de quilómetros para efectuar um pagamento. Só em Celorico da Beira, pretende-se fechar as finanças, o tribunal e os serviços nocturnos do centro de saúde. Dirá quem viva no litoral urbano, que tem tudo quase à mão, que não pode haver serviços públicos em cada aldeia e que há que racionalizar os recursos. Como elegem pouquíssimo deputados, os transmontanos e beirões não são tidos nem achados. Pergunto-me se alguém disse alguma coisa aos responsáveis governamentais do desenvolvimento regional ou se existem para fazer figura de corpo presente. Tribunais, centros de saúde, postos dos correios, polícia, finanças, em breve provavelmente os próprios municípios (já começaram com as freguesias)...o que é que resta àquelas pessoas? Nada. Se é isto a tão propalada "reforma do Estado", então estamos conversados. Como sempre nestas questões, é-se forte com os fracos: se não der para cortar na despesa, aumentam-se impostos, e se for preciso cortar alguma coisa, vai-se ao interior, onde vivem os "labregos". Nesse caso, é de perguntar se esses "labregos" devem continuar a pagar impostos (ou a ceder os seus espaços benefício do litoral, como as barragens da EDP). Não há que cumprir obrigações se os mínimos direitos são achincalhados. É um princípio com séculos, da mais elementar justiça.
 
PS: outros distritos massacrados serão Bragança (querem fechar nove repartições), Portalegre (doze) e Viseu (dezassete), mas todo por todo o interior, a "reforma" tende a alastrar.

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