Hoje tomaram posse os novos órgãos da câmara municipal do Porto, presidida por Rui Moreira, e da Assembleia municipal do Porto, que terá muito provavelmente à sua frente Daniel Bessa. No seu discurso de entronização como novo Presidente da CM do Porto, moreira não esqueceu Rui Rio (nem António Costa), afirmou querer combater o centralismo com a afirmação municipal, sem contudo revestir-se de um Porto-centrismo igualmente centralista, e vincou a aposta na coesão social na cultura e na economia, de forma a combater o desemprego, ao mesmo tempo que se comprometeu a não desbaratar o capital de rigor deixado por Rio.
O acordo feito com o PS de Manuel Pizarro, que garante uma maioria estável, é um óptimo presságio para o futuro e mostra como é possível colocar as cidades - e por extensão, o país - em primeiro lugar, saíndo da esfera limitada dos partidos. Para além disso, deixou em desespero de causa os velhos aparelhos partidários do bloco central portuense, o que só demonstra a pertinência do acordo. Os verdadeiros derrotados das autárquicas portuenses (os partido-dependentes do PS e PSD, mas também a esquerda da eterna reclamação e nenhuma responsabilidade) tardam em engolir o murro da noite de 29 de Setembro. Haverá dissensões, discussões, desacordos, claro, mas nenhuma vereação é homogénea, e ainda menos numa cidade como o Porto. Não se esperem milagres, mas há esperança nos próximos anos, com as contas "moda do Porto" da gestão de doze anos de Rui Rio.
Por coincidência, o título da Time Out-Porto deste mês é "O novo Porto". Claro que não é nenhuma referência à ascensão de Rui Moreira ao edifício dos Aliados, apenas alguns locais de referência novos e que previsivelmente entrarão na moda (Bom Sucesso, Rua das Flores e Largo de S. Domingos, etc), mas tendo aparecido dois dias depois da vitória da lista independente, quase parece de propósito. E também a Visão dedicou na semana passada um artigo de capa ao "novo Porto" e ao "Recorde de turistas e estudantes, vida cultural e artística impressionante, uma movida noturna nunca vista, gastronomia de top, prémios e distinções".
Não sei se o Porto está na moda ou se há "um novo Porto". Não está com certeza a caminho de uma era de ouro ou de "leite e mel", porque os tempos não estão para euforias desmedidas e o estado do país (e da Europa, já agora) é inquietante. Mas é lícito que tenhamos alguma esperança nos próximos quatro anos. Há um grupo de pessoas, à frente dos destinos municipais da segunda cidade do país, sem varinhas mágicas mas com energia, bom senso e seriedade. Esperemos que levem a nau a bom Porto e que tenham o maior êxito na difícil empresa que os espera. E que se o tiverem, "contaminem" o resto do país. Os olhos dos portugueses estão postos nos responsáveis portuenses.
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