quinta-feira, maio 01, 2014

Ultrapassar a Juventus é uma questão de memória


Conquistado o campeonato, adquirido o bilhete para duas finais internas, o Benfica tem agora o maior desafio da época, contra a Juventus. 2-1 é sempre um resultado perigoso, mas não se pode dizer que seja mau, tendo em conta que a equipa dos Agnelli ainda não tinha perdido na UEFA e segue destacadíssimo no calcio. Mas expõe a equipa a vários perigos. A Juve joga em casa, que será o palco da final, e isso é um suplemente motivacional. Tem uma senhora equipa, pontilhada de craques como Buffon, Pirlo e Tevez, auxiliados por vários bons jogadores - Chiellini, Llorente, Vidal - e ainda tem a sua influência extra-relvado, como já se verificou noutras alturas e ainda agora tivemos a ocasião de testemunhar - a reunião inédita da UEFA por causa de uma queixa do clube italiano para castigar Enzo Pérez é bem reveladora disso, sobretudo se nos recordarmos que Platini é um antigo craque dos turineses e que já noutras alturas revelou preferências em competições da organização a que preside.

É portanto tudo isso que o Benfica enfrenta. E também o passado do último encontro com a Juventus, em 1993, em que se enfrentaram duas grandes equipas (Rui Costa, João Pinto, Mozer, Paulo Sousa, que depois vestiria a camisola bianconera, contra Roberto Baggio, Vialli, Kholer, o próprio Conte) em que depois de um também 2-1, perdeu 3-0 no antigo Stadio delle Alpi, em que lesionaram o guarda-redes Silvino sem que o árbitro fizesse caso, como muito bem é aqui recordado (leiam bem isto porque nos recorda porque devemos ganhar à Juve). O que é preciso é recuperar o passado anterior e honrá-lo: o grande golo de Eusébio em plena arena da Juventus, em 1968, reduzindo todo o público da FIAT ao silencio, antes de confirmar na Luz com um tranquilo 2-0. No ano da sua morte, seria uma grande homenagem ao Pantera. E recordar também o grande rival local da Juventus, o Torino, cuja grande squadra, na altura a melhor de Itália, pereceu no desastre da Superga, no regresso de um jogo na Luz, em 1949. É também por causa deles e para homenagear a sua memória que o Benfica deve fazer tudo para voltar a Turim, no dia 17 de Maio, para jogar a final. E se isso acontecer, não faltarão apoios entre os habitantes da grande capital do Piemonte, que torcem pelo Grande Torino. É não só a busca da vitória, mas também a da justiça e a da memória que estão em jogo.

 

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