quarta-feira, maio 07, 2014

A lição dos estudantes do Minho


Tendo em conta que estamos em plena semana académica (falo do Porto, não posso falar por todas as festanças estudantis por esse país fora), é interessante ver o contraste entre as atitudes de duas associações académicas diferentes em casos com traços semelhantes. Ou o oito e o oitenta em atitude. No ano passado, se bem se lembram, um assalto à bilheteira do queimódromo acabou com a morte a tiro de um estudante, Marlon Correia, morto ao proteger o cofre (que acabou por não ser levado). Na altura, os responsáveis pela Federação Académica do Porto quiseram que a festa da queima das fitas (que dura uma semana) prosseguisse, sem ao menos cancelar uma única noite, porque seria "um enorme prejuízo" (que podia ser bem maior caso o estudante em questão tivesse fugido a proteger a receita da bilheteira). Este ano, por causa dos três estudantes que morreram em Braga com a queda de um muro, a associação académica da Universidade do Minho cancelou todos os eventos do Enterro da Gata (as festas dos estudantes universitários minhotos), mantendo apenas algumas cerimónias simbólicas. O cancelamento de todas as festas pode ser um pouco exagerado, mas revela dignidade e uma preocupação que transcende os habituais interesses contabilísticos próprios dos dirigentes académicos. Devia ser escarrapachada na sede da Federação Académica do Porto para ensinar aos seus energúmenos dirigentes que uma academia é bem mais que a soma dos prejuízos e proveitos das festas, e que antes de mais se devem transmitir valores e princípios, coisas que aparentemente escapam às criaturas. E que nesses princípios devem constar a camaradagem, a solidariedade e a protecção dos estudantes. Mais que uma bofetada de luva branca é um autêntico murro na consciência da corja federativa aqui da zona - se é que eles ainda a têm.

Academia do Minho 1 - Academia do Porto 0

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